domingo, 27 de dezembro de 2009

Crônica: O homem do tempo

Existia em tempos remotos um homem de olhos verdes e que tinha a mania de sempre lavar as mãos.Como muitas pessoas, desde jovem fazia planos de um futuro bom e imaginava-se aos 40 anos já rico ,com bela família, mesa farta , uma esposa bonita e paciente.O personagem de olhos verdes chamava-se Persenho,nasceu em uma cidadezinha, dessas conhecidas por "sertãozinho", um interior desses em que a população costuma achar que possui o rei nas entranhas.Sua infância tristonha e sozinha lhe deu ares de criatividade,mas como tinha que "vencer na vida",segundo as tradições, preferiu fazer engenharia a ter que ser um publicitário,artista ou qualquer outra profissão em que ainda se perguntam "mas com o que você realmente trabalha?".
Sua adolescência na capital,foi um tumulto entre estudar e farrear,visto que agora não precisava esconder bebidas da mamãe ou os cigarros do papai,morava com colegas, tinha a liberdade desejada e mesmo descontente com o curso superior sentia que o mundo estava oa seu alcance,esperança nem precisava dizer, o sucesso era algo certeiro em sua vida!
Mas o tempo passa e Persenho e seus planos também foram passando,até que um dia em uma festinha para os novatos da faculdade a linda Baliorte surgiu em seu plano de visão,como era delicada com traços de boneca de porcelana e sorriso de estrela cadente,corpo de sereia e pouco cérebro.
Tudo é confusão para os jovens;apaixonados então?Cada dia um dia diferente,novo,lindo,sem dor ,sem pavor, cheio de calor e alegria!Entre beijos e abraços,Persenho tem desejos e os realiza com Baliorte e a corona radiata dela abre caminho para o espermatozoíde acelerado ,que não pode esperar o encontro com o ovúlo,que a química colabora.
Pior que morrer quando tudo esta por acontecer é ser pai.Assim suas metas foram desfazendo-se, o corre corre para formar,casar , trabalhar,cuidar da bela moça de corpo de sereia,diminuir a tristeza de seu próprio corpo,dos pensamentos em sua mãe lá no "sertãozinho".
Nove meses depois o bebê cativante nasce,Baliorte não se forma,pois maridão sustenta a casa, o bebê chora!Ela seria enfermeira e ele rezava para ser qualquer coisa menos engenheiro civil,"empregos de merda",pensava o rapaz.
Aos 40 anos a mesa não é nada farta,muitos desempregos bateram na sua porta,sua bela esposa hoje tem outro belo marido rico e sua filhinha Sonhadara, é um pequena alegriazinha no coração velho de alma de Persenho.Na verdade o que ficaram foram os sonhos, porque o ingrato destino gerou mais uma pessoa amarga,solitária e displiscente com os pequeno prazeres.
(Campainha tocando)
Era apenas o namorado de Sonhadara, os dois irão fumar o baseado do dia.

Um comentário:

  1. "Persenho nasceu em uma cidadezinha, dessas conhecidas por 'sertãozinho'".

    Tem tantas assim?

    Pensei que aquela em que nasci fosse a única.

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